domingo, 21 de junho de 2015

Distância temporária

A saudade é imensa
O choro cai as vezes
O cheiro desperta lembranças

Mas nenhuma distância é eterna

A família e os amigos sentem dor
Os que foram salvos por tuas mãos, gratidão
O tempo pode ser longo

Mas nenhuma distância é eterna

Siga em paz e com amor
Leve em mente tudo o que realizou
O mundo é grande e tem chão pela frente

Mas nenhuma distância é eterna.


(Mariana Cortez)

segunda-feira, 15 de junho de 2015

A Saudade

Todos os dias ele visitava seus amigos. Mais para o fim-da-tarde, depois que havia completado as tarefas chatas e entediantes do dia, não havia nada melhor para ele do que se sentar e relembrar com suas pessoas preferidas no mundo inteiro como a vida costumava ser divertida quando eles todos se sentavam na mesa do bar depois das aulas e ficavam até de madrugada. Agora tudo era diferente, os encontros terminavam cedo, no máximo às 22h, quando seu celular tocava, indicando que estava na hora de voltar para se arrumar e dormir, para no dia seguinte tudo começar novamente.


Ele sorria quando olhava para sua mulher, sempre ao lado de seu cunhado, que também era seu melhor amigo, padrinho do casamento e do primeiro filho. Era engraçado de como tudo se encaminhou para todos conseguirem ficar juntos durante tanto tempo, mesmo depois de tudo o que acontecera. Aquela visão fazia seu peito apertar com as saudades de poder estar de novo reunido na faculdade com aqueles amigos. Mas a vida não deixava, porque ser adulto sempre significou para ele ocupar um posto de trabalho que ele odiava e abandonar todos os sonhos que ele outrora teve.


- Você está linda como sempre… - Murmurou para sua mulher. Seu rosto era delicado, pele escura e cheia de marcas nas bochechas que estavam já marcadas pelo sorriso recorrente de sua felicidade interminável. Uma mulher apaixonada, alegre e que o ajudou a se levantar tantas e tantas vezes no auge de sua depressão.


- Sabe, eu sinto falta de vocês quando não os vejo. - Seus olhos se encheram de lágrimas com a primeira frase. - Minha vida não tem sido nem de perto o que era quando estávamos na faculdade. É difícil arranjar forças para levantar de manhã, eu me sinto sozinho em um lugar que não foi feito para mim. Todo dia eu recebo ordens, todo dia tomo remédios tão fortes que me deixam em um estado sonolento e passivo o dia inteiro. Só consigo passar por tudo isso porque penso em quando vou encontrar vocês. Meus amigos são minha força. -


O silêncio continou predominando. Ele se sentia encarado e até julgado. Será que sua depressão estava voltando? Será que seus amigos pensavam que ele era um covarde que sequer conseguia arranjar motivação para viver? Um silêncio é a coisa mais difícil de se interpretar, porque ele te dá informações muito mais ricas e, ao mesmo tempo, imprecisas do que qualquer palavra jamais conseguirá.Uma tela preta é o auge da subjetividade, porque tem tantos significados e tantas simbologias que é fácil se perder.


- Vocês me entendem, não é? Eu estou me sentindo vulnerável por ter soltado tudo isso de repente, mas eu posso contar com vocês, não é mesmo? Vocês sempre foram ótimos para mim. - Se sentindo apoiado novamente por suas amizades, ele sentou-se e ficou encarando o céu que estava ficando noturno aos poucos, enquanto o Sol ia embora. - Estar aqui à essa hora é perigoso? Ir para casa também não é nenhum pouco fácil. Talvez estejamos presos aqui durante um tempo. Já são mais de dez da noite. -


A noite estava maravilhosa, de fato. A lua brilhava sobre as árvores que rodeavam aquele cenário e o vento fresco batia nas folhagens, dando uma sensação de tranquilidade para ele, que acabara de fazer uma confissão tão dolorosa, dando-se conta de quanto odiava sua vida. Queria mais do que tudo poder voltar no tempo, para quando um clima agradável ou um cenário maravilhoso realmente afetavam no seu humor.


- Dizem que eu preciso seguir em frente, sabe? -


Sua voz foi enfraquecendo. Seus olhos vermelhos e com lágrimas brotando ardiam.


- Mas está ficando cada vez mais difícil. Eu quero vocês de volta. -


O tempo passava, a noite ia se iluminando com o sol que nascia do lado oposto à lua.


- Vocês não tem noção da falta que vocês me fazem. -


Ele estava deitado no chão, postrado.


- Porque eu tinha que ficar por último? -


O sol iluminou todo o lugar, mostrando não só ele, mas todos os arredores e aonde ele estava deitado.


Em volta daquele homem velho, caído, lápides se revelavam já um pouco gastas. Ele estava jogado em cima do retrato de sua mulher, já morta há vinte anos. Ao seu redor, todos os seus amigos também jaziam representados em epitáfios.

Não muito depois do nascer do sol, uma ambulância parou na frente do cemitério e levou o homem embora, deixando para trás as únicas coisas que ele amava. Assim como o tempo fez.

By Vitor Murano

sexta-feira, 12 de junho de 2015

Sarau das Artes

Não consigo aceitar o tempo. Acho que é porque não entendo términos, e é isso que o tempo faz, termina com coisas... e pessoas. Minha vida hoje não é a mesma de cinco anos atrás, nem de dois, sequer de oito meses.

Imagine então minha avó, ou a sua no caso. Estive hoje em um sarau onde só haviam pessoas idosas, foi lindíssimo, e triste. Uma ode a um tempo que não é mais, uma volta a algo que jamais irá retornar. Ouvi Roberto Carlos e música Italiana, ouvi Brasileirinho e vi senhoras dançando ao som de um samba que não era. Vi e senti significado em cada uma dessas ações, era palpável.

E acima de tudo ouvi lamentos de amores que não foram, ou ainda pior, que já foram. Um amor doído sim, mas com resiliência, com compreensão e aceitação. É simples e simplista nos desfazermos de nossos anciões, mas se os juntarmos e formos capazes de apenas observar, sem julgar ou interferir de lá tiraremos lições para toda uma falange das nossas maiores dores.



Adriano Leonel

quinta-feira, 4 de junho de 2015

mares que secam

Uma das coisas que mais gosto nesse bairro é a locadora. Sei que nunca conseguirei ver nem 1/4 de todos aqueles filmes disponíveis lá e também sei que para ver muitos daqueles títulos, não preciso pagar nem sair de casa porque é possível conseguir pela internet. Alguns outros títulos não são tão fáceis de conseguir e muitas vezes fui até a locadora buscar. Outros eram filmes lindos e quando vimos na banquinha central dos filmes para venda, não resistimos e trouxemos para casa. A locadora é um mar de filmes. Sempre quando vamos lá, a realidade bate em minhas costas como se avisasse: há muita coisa que você ainda não viu, Mayra. E muita coisa que você deveria ver. Mas me sinto reconfortada porque há essa locadora perto de casa e parece que ainda tenho jeito, apesar de todos os filmes que ainda não vi. Há um mar de filmes bem perto de mim, filmes que não encontro na internet.
Por outro lado, sentimos uma tristeza íntima ao entrar na locadora da esquina. Porque afinal de contas, tem muita coisa na internet e as locadoras vão perdendo a sua função porque não são mais o único lugar com filmes disponíveis. Sabemos que é uma questão de tempo, que com o tempo as locadoras vão sumindo bem como as bancas de jornal. Na minha infância havia muitas, hoje já não são tantas e muitas delas ganham mais vendendo crédito pra celular. Há muito tempo eu não tinha férias e nessas primeiras férias que tivemos em anos, pegamos muitos filmes na locadora e lembrei dessa maravilhosa sensação de entrar num mar de filmes e poder enxergar tantas possibilidades no horizonte,
Mas o sol se põe e o Beethoven mandou mensagem dizendo que a nossa locadora vai fechar. Nos sentimos culpados. Deveríamos ser mais sérios com o nosso princípio de contribuir com os comércios da nossa região. A locadora está vendendo todos seus filmes. Peixinhos perdidos num grande mar, esperando lugares novos para morar. A minha impressão diante da água que seca e dos peixes que precisam de um novo lar, é que eu nunca voltei com tantos filmes bons para casa.

(Mayra Guanaes)

terça-feira, 2 de junho de 2015

Mar de pessoas

Todos precisam encontrar seu brilho no mar de pessoas que andam na rua.
Grande parte tenta se destacar, mas só se perde e se mistura cada vez mais.
Isso faz parte da vida, se conhecer, saber quem somos e o que faz parte de nós.
Ou se perder e virar um só naquele mar de pessoas que sempre vemos na rua.
- E nunca lembramos -.

By Vitor Murano