Nele eu morria sufocada pelos padrões
Eurocêntricos burgueses que a sociedade me impõem,
Enquanto era esmagada
No navio negreiro sobre trilhos
E violada pelo olhar dos meus senhores de engenho
Por ser uma 'mulata tipo exportação'.
Minha vontade era gritar:
Mulata é o caralho.
Mas quando me dei conta estava atada,
Tive a boca e olhos vendados.
Fui violentada, humilhada e explorada
Por anos e anos,
Até ter meu filho.
No dia 21 de abril
Eu África, dei a luz em uma senzala
Ao meu pequeno Brasil.
Mas não passou de um sonho, não é?!
(Victória Sales)