Ela acordou e viu o amor ao seu lado. O sol ainda estava
nascendo em uma manhã fria e branca. A cama desarrumada, lençóis no chão, a lembrança
de uma noite descrita em uma única palavra: feliz. Os sorrisos lançados foram
incontáveis, a felicidade de estar finalmente com sua pessoa preferida no mundo
inteiro não cabia dentro dela mesma. Se levantou e andou até o banheiro. Lavou
o rosto, olhou no espelho e se viu mais linda do que nunca. Era a pessoa que
queria ser desde sempre.
Era a mulher que queria ter desde sempre.
Em seu olhar, a delicadeza de alguém sem preocupações. As
rugas de nervosismo que a vida lhe dera haviam sumido e as olheiras não
existiam mais. As estrias no corpo não a incomodavam, nem as celulites. Ela se
sentia linda e se aceitava por quem ela era. Com o dia, nascia uma nova mulher,
que finalmente havia conseguido olhar para si mesma e não ver a mulher gorda
que sempre disseram que ela era. Via agora um corpo lindo, um rosto alegre, as
opiniões externas opressoras e machistas não importavam mais.
Ela estava feliz e se amava.
Nas suas curvas lindas e únicas, via sua sensualidade. Era
uma sensação nova e era como se apaixonar, mas por si mesma. Não parava de
sorrir. Olhava para a cama e se lembrava do que aconteceu, olhava para o amor
dela que ficou deitado, em paz na cama. O beijou na testa e foi tomar um banho.
Nele, reparava em cada detalhe nela mesma que ainda nunca havia valorizado. Se
limpava e se descobria ao mesmo tempo.
Não tinha mais vergonha de andar nua, reconhecia e amava
cada imperfeição do seu corpo. Era uma nova pessoa agora. Sabia disso. Via a
prova disso no sorriso de seu rosto, que era lindo e espontâneo.
Saiu do banho e viu seu amor acordando. O corpo nu exibia
curvas lindas e únicas, um sorriso inigualável. Se entreolharam por alguns
momentos, se amando intensamente naquele gesto estático. Se aproximaram em
passos lentos e calmos, com os pés descalços sentindo a transição do chão de
madeira do quarto para o ladrilho do banheiro. A respiração era sincronizada,
em uníssono e aumentava conforme os corpos começaram a se encostar e se sentir.
Quando se encontraram, se beijaram intensamente.
O amor dela era ela mesma. A nova, maior e eterna paixão da
vida dela.
By Vitor Murano
By Vitor Murano