sábado, 28 de fevereiro de 2015

Acabou para poder continuar

     A garota não assumia, mas era sempre isso que ela fazia pra se proteger dos males da vida. Toda vez que alguém se aproximava dela, que mexia com ela daquele jeito que só certas pessoas sabem fazer com a gente, ela se escondia no mais íntimo do seu ser.
     Fingia que nada estava acontecendo, escondia seus sentimentos das pessoas, até dos amigos mais próximos, falava para si mesma que gostar de alguém era bobeira, ficar com a mesma pessoa por tempos então, maior bobagem que alguém poderia fazer! Não, ela nunca foi de querer estar com todo mundo, de farrear em todas as ocasiões, ela só queria se proteger, ela só não queria se apegar a alguém.
     E assim ela seguia praticando seu desapego, pelo menos ela achava que mostrava isso pro mundo. Na cabeça dela, todos que a conheciam sabiam como ela se sentia bem por estar sozinha, como era independente e que deixar as coisas seguirem era natural para ela. No mundo dela nenhuma só pessoa imaginava o esforço que ela fazia para esconder seus sentimentos e se proteger dos sentimentos dos outros.
     Mas no mundo aqui de fora, sempre existe uma pessoa para reparar na outra. Sempre existe uma pessoa que vai tentar quebrar toda e qualquer barreira que as pessoas colocam, e foi assim com a garota. Apareceu uma pessoa na vida dela, ela, mais uma vez, se protegeu, se fechou, tentou fugir, mas cada vez mais ia se apaixonando, cada vez mais ia amando que aquela pessoa se aproximava dela e ia entendendo o seu mundo. Foi ai que a garota baixou a guarda, aceitou os sentimentos que lhe eram oferecidos, se deu por completa, disse eu te amo….
     Viveram juntas um tempo, mas uma hora ou outra tudo acaba! E porque seria diferente com ela? O amor acabou, doeu, ela viveu aqueles tempos tristes e nebulosos, com raiva e ódio misturados a aceitação, afinal, as vezes só não é pra ser. Mas o que era importante disso a garota aprendeu: que se apegar faz parte da vida, e dar com a cara na parede é algo que todos tem que viver pra entender a sensação. Aqueles sentimentos acabaram, mas agora ela estava aberta para sentir tantos outros fosse possível.

(Clara Di Lernia)