Se eu olho para a beleza da madrugada enquanto estou sozinho em casa, sinto melancolia. Melancolia porque esse é meu período preferido do dia. Porque é na madrugada em que a vida mais acontece, em que temos nossas melhores horas. É a madrugada também que nos abraça quando estamos tristes e precisamos chorar sozinhos. Não importa se estamos sozinhos, com uma companhia, ou cercados de amigos: quando abrimos mãos das horas de sono para nos aventurarmos fora de casa, destravarmos nossa criatividade ou até mesmo nos entregarmos de corpo e alma para alguém, dificilmente nos arrependemos, porque até nos piores erros da vida há uma lição preciosa a ser aprendida.
Muitos me questionariam, dizendo que a vida acontece durante o dia, quando construímos nossa carreira, estudamos e convivemos com as pessoas de verdade, mas pensem bem: não é nesse momento em que nós mais nos mascaramos e nos misturamos à sociedade? Alex DeLarge não mostrava sua verdadeira face durante o dia, mas sim quando se juntava à seus druguis e provocava a ultraviolência nas ruas, assim como Tyler Durden quando cria seu Clube da Luta: as pessoas encontram as mais variadas formas de aliviar a pressão do seu dia-a-dia nas madrugadas.
Seja nas festas, na violência, nas drogas ou no sexo. Na madrugada, as pessoas são livres.
Claro que não estou falando da madrugada das cidades grandes opressoras, dos crimes (exceto pelo meu exemplo de Laranja Mecânica, meu amor por essa obra justifica o exemplo mal-colocado), e sim da madrugada libertadora, em que as pessoas se libertam das amarras da sociedade para serem felizes. Aproveitem a madrugada, porque foi nela em que eu aprendi a dançar, a sorrir, a (me) amar.
Carpe Noctem.
By Vitor Murano