E, com certeza, foi uma das melhores coisas que já me aconteceram. Aprendi por, além de querer, precisar. De maneira não tão agradável me dei conta de que assim eu ouço mais a mim, e isso me fez bem, afinal, quem não precisa de um pouco mais de si? Dançando só me dei conta de que a liberdade, se existe, mora em mim. Passei muito tempo presa, querendo voar mas sem saber como. Ainda não sei. Mas dançando só aprendi como abrir a minha gaiola, e isso basta. Em constante processo de renovação, eu danço só e encontro pelo caminho outros pássaros que ainda não sabem de si; não sabem se vão, se ficam, não sabem se sabem, não pensam se sabem, eles são. São sem querer, são por obrigação, caminham por seus puleiros e têm como objetivo habitar ninhos em árvores altas, conhecidas e admiradas. Pobre de mim, não sei nem onde encontrar galhos, quem dirá conquistar um espaço em uma dessas tantas árvores. Pobre deles! Que podendo voar para todos os lados, preferem ficar por alcançar o topo. Danço só, ainda pelos puleiros do meu habitat, mas já sei como abrir a minha gaiola, e isso basta.
Mariana Cortez
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