quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

...Passou


Passaram-se as horas e eu não fechei os olhos
Não consigo dormir, não consigo sonhar
Passaram-se as horas e eu não virei para os lados
Não consigo ouvir, não consigo desligar

Passaram-se os sonhos...

Passaram-se as festas de aniversário
que eu tanto gostava
passaram-se as aulas da escola
que eu tanto enrolava
passaram-se as primeiras gargalhadas
os primeiros desejos, passaram-se

O que não passa é esse emprego no prédio
(que andar sou eu?)
O que não passa é esse gosto de tédio
(que cidadão sou eu?)

Passo aqui, dois passos..

Outra vez passaram
[queriam, sentiam, fugazes que são]
não vão, não! passaram..

passaram por cima de mim
sem avisar que a tristeza do mundo
é muito maior que o tamanho do mar
passaram por cima de mim
sem perguntar se eu queria fechar
meus olhos.

Passaram-se as horas e eu não consigo acordar


(Paulo A. S. da Silva)

Nenhum comentário:

Postar um comentário