Lá está ela, altiva e bela, fingindo que nada a atinge. Ela sabe que a observam, admiram, elogiam. Balança para um lado, balança para o outro. Cheia de charme, elegância e petulância, ela deixa que o sol a ilumine, como se este fosse um holofote, e o mundo, um palco.
Com seu vestido rosa, cabelos loiros e perfume inebriante, seduz a tudo e a todos, sem a menor pressa. No meio desta paisagem selvagem e desordenada, ela se destaca justamente por misturar o padrão que a cerca com os atributos mais almejados por qualquer ser vivente.
Um destaque que esconde as imperfeições das folhas, os galhos quebrados, as outras flores mortas. Ela, sozinha, faz com que um suspiro seja estritamente obrigatório para qualquer um que venha a ter o privilégio de olhar, cheirar, tocar.
Uma flor que poderia ser gente. A gente que me arranca suspiros. Que me permite amar, sofrer e ver que o mundo, é pra lá de injusto.
Gente que, como toda bela flor, tem seus espinhos, suas armadilhas, suas falhas disfarçadas por trás de tanta perfeição.
Gente que eu quero ver pra sempre, nos holofotes da vida, no palco das emoções, na apresentação ao mundo. Gente que vai se destacar, loira e com um vestido cor de rosa, mesmo que só eu venha a aplaudir quando as cortinas se fecharem.
Mesmo que eu leve flores pra essa flor, pra privilegiar exatamente o que ela é: a mais bela do meu jardim.
(Gabriel Cruz Freitas)
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